A Organização Mundial da Saúde define Tecnologia em Saúde como a “aplicação de conhecimentos e habilidades organizados na forma de dispositivos, medicamentos, vacinas, procedimentos e sistemas desenvolvidos para resolver um problema de saúde e melhorar a qualidade de vida”.
O uso da tecnologia nas áreas da saúde já não é novidade, e na Fonoaudiologia não poderia ser diferente. Os avanços tecnológicos nos permitem interagir com o mundo de maneira cada vez mais diversa. A todo momento, surgem novas descobertas que trazem benefícios tanto para profissionais, como para pacientes.
Mas ao contrário do que muitas pessoas pensam, nem sempre as novas tecnologias estão relacionadas a inovações que parecem ter saído de um filme de ficção científica. A tecnologia inova não somente o atendimento no tratamento fonoaudiológico, com uso de aplicativos e jogos, mas também a modalidade em que acontece, podendo ser presencial ou à distância, por meio da Telefonoaudiologia. Permite, ainda, modificar a forma como se faz a gestão, com uso de prontuários eletrônicos, por exemplo, além de fortalecer o papel do paciente e familiares na prevenção e no tratamento, promovendo o autocuidado e um maior engajamento.
Em 2011, uma pesquisa de Mestrado realizada na Universidade Federal da Paraíba apontou que profissionais de todas as áreas da Fonoaudiologia reconheciam que o emprego de programas na prática clínica motivavam os pacientes, além de serem úteis tanto na avaliação, como no diagnóstico do tratamento fonoaudiológico, mas consideravam que a oferta de aplicativos que auxiliam na terapia era muito escassa.
Hoje, quase 10 anos após este levantamento, a oferta de aparatos tecnológicos disponíveis para o tratamento fonoaudiológico é muito maior. Em “Como a tecnologia pode ajudar o tratamento do DPAC/TPAC” listamos 15 aplicativos que podem ser utilizados na terapia para alterações no processamento auditivo central. O aumento de tecnologias disponíveis está presente também em outras áreas da Fonoaudiologia.
Além de auxiliar no processo terapêutico, o uso de novas tecnologias é essencial para diagnósticos mais precisos, ou para o monitoramento e direcionamento do paciente para um acompanhamento adequado, como acontece com o uso do AudBility, por exemplo.
Criado pela Probrain, empresa que também é responsável pelo Afinando o Cérebro, AudBility é uma plataforma online para triagem das habilidades auditivas, que oferece ao fonoaudiólogo a possibilidade de mapear as habilidades auditivas; indicar a necessidade de avaliação formal do processamento auditivo central, realizada pelo audiologista em cabine acústica; direcionar estratégias a serem utilizadas em terapia, além de monitorar o desempenho dos pacientes. De uso exclusivo dos fonoaudiólogos, o programa foi validado cientificamente e atende todas as faixas etárias, pois reúne avaliações específicas para grupos de 6 a 8 anos, 9 a 12 anos e para pacientes maiores de 13 anos.
A triagem online das habilidades auditivas acontece a partir de conjunto de tarefas que avaliam as habilidades de localização sonora, escuta dicótica competitiva (dígitos e dissílabos), integração binaural, figura-fundo, fechamento auditivo, resolução e ordenação temporal. As tarefas podem ser realizadas presencialmente ou por teleconsulta, com envio de um link ou QR Code, para que o paciente acesse do próprio computador, tablet ou celular.
O uso da tecnologia no tratamento fonoaudiológico por meio de jogos, como os disponíveis na plataforma Afinando o Cérebro e outros aplicativos, favorece o desenvolvimento de habilidades cognitivas, como a memória e atenção, e propicia maior participação do paciente, promovendo melhores resultados terapêuticos. No entanto, é importante é importante ressaltar que apenas o uso da tecnologia não basta para que o tratamento fonoaudiológico seja bem-sucedido. O fonoaudiólogo precisa aliá-lo ao raciocínio clínico, associando recursos convencionais aos recursos tecnológicos disponíveis, e assim oferecer o melhor atendimento ao seu paciente.