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Vamos falar sobre neurodiversidade?


menino montando blocos

A neurodiversidade é um conceito que tem ganhado destaque nos últimos anos, redefinindo a maneira como entendemos e abordamos as diferenças cognitivas e neurológicas. Este termo, criado na década de 1990 pela socióloga australiana Judy Singer, propõe uma visão mais inclusiva e positiva das diversas formas de funcionamento cerebral. Em vez de considerar certas condições neurológicas como desvios ou anormalidades, a neurodiversidade afirma que a variação natural no funcionamento do cérebro é algo a ser valorizado e celebrado.


Portadora da síndrome de Asperger, Judy Singer apresentou a "neurodiversidade" ao mundo com o texto "Por que você não pode ser normal uma vez na sua vida? De um 'problema sem nome' para a emergência de uma nova categoria de diferença", publicado em 1999. Desde então, busca-se redefinir a compreensão das conexões neurológicas atípicas, afirmando que não se trata de uma doença a ser tratada ou curada, mas sim de uma variante humana a ser respeitada, da mesma forma que outras diferenças.


Por definição o termo "neurodiversidade" surge da combinação das palavras "neuro" (relacionada ao cérebro e ao sistema nervoso) e "diversidade" (variabilidade e diferença). A ideia fundamental é reconhecer que a diversidade neurológica é uma parte intrínseca da condição humana e que as diferenças neurológicas não são necessariamente patológicas, mas sim uma expressão da riqueza natural da diversidade humana.


A neurodiversidade abrange uma ampla gama de condições neurológicas, incluindo, mas não se limitando à, autismo, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), dislexia, síndrome de Tourette, transtorno bipolar, esquizofrenia, entre outros. Cada uma dessas condições traz consigo características únicas, habilidades especiais e desafios distintos.


Por exemplo, muitas pessoas que estão no espectro autista têm habilidades excepcionais em áreas como memória, processamento visual e pensamento lógico. Indivíduos com TDAH podem ser notavelmente criativos e inovadores, enquanto aqueles com dislexia podem desenvolver habilidades compensatórias, como uma forte capacidade de raciocínio tridimensional.


As pessoas neurodiversas podem apresentar uma variedade de estilos de aprendizado, processamento de informações e interações sociais. Algumas características comuns incluem:


  • Sensibilidade sensorial: muitas pessoas neurodiversas podem ter sensibilidades sensoriais aumentadas ou diminuídas, tornando-as mais ou menos sensíveis a estímulos como luz, som, texturas e cheiros


  • Estilos de comunicação diversificados: a comunicação pode ser afetada de várias maneiras, desde dificuldades na linguagem verbal até formas alternativas de expressão, como a comunicação não verbal


  • Padrões de interesses específicos: muitas pessoas neurodiversas têm interesses intensos e especializados em áreas específicas, dedicando tempo e energia significativos a esses tópicos


  • Estilos de aprendizado únicos: os métodos tradicionais de ensino podem não ser ideais para todos, e as pessoas neurodiversas muitas vezes evoluem melhor em ambientes que se adaptam às suas necessidades específicas de aprendizado.


O movimento provocado pela neurodiversidade implica em criar ambientes inclusivos que respeitem e valorizem as diferenças neurológicas, como aconteceu recentemente quando aeroportos no Rio de Janeiro e em São Paulo inauguraram salas especiais destinadas a ampliar a inclusão de pessoas neurodivergentes, proporcionando um ambiente acolhedor e adaptado às suas necessidades específicas. Iniciativas como essas refletem uma mudança na abordagem de nossa sociedade em relação à neurodiversidade e demonstram o esforço contínuo para criar espaços mais inclusivos, onde todos, independentemente de suas diferenças neurológicas, possam se sentir confortáveis e respeitados, o que deve incluir a adaptação de práticas educacionais, ambientes de trabalho e políticas sociais para acomodar a diversidade de estilos de funcionamento cerebral.


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