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Você sabe reconhecer os sinais do TPAC?

Foto do escritor: Afinando o CérebroAfinando o Cérebro

Conhece alguém que parece não entender o que você diz? Ou ainda que tenha dificuldade para compreender uma mensagem num local ruidoso, manter a atenção em uma conversa ou memorizar nomes? Algumas situações corriqueiras do nosso cotidiano podem representar um verdadeiro desafio para algumas pessoas e a primeira desconfiança é de que não estão ouvindo bem, mas pode ser que a questão esteja no processamento das informações recebidas.


Isso mesmo, ouvir e compreender são coisas diferentes. Conseguir compreender o que uma pessoa está falando em um ambiente com muito ruído depende de habilidades auditivas do processamento auditivo central, responsável pelo processamento da informação auditiva no sistema nervoso central, isto significa que processamento auditivo central envolve a capacidade de identificar, localizar, ter atenção analisar, memorizar e recuperar dados da informação auditiva, quando necessário. Para simplificar, poderíamos dizer que o processamento auditivo central é aquilo que o cérebro é capaz de fazer com o que ouvimos. Quando há alguma alteração nesse processo, pode ser sinal de que há um Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC).


O TPAC afeta as vias centrais da audição, ou seja, as áreas do cérebro relacionadas às habilidades auditivas responsáveis por um conjunto de processos que englobam atenção, discriminação, associação, integração e organização. Em boa parte dos casos, o sistema auditivo periférico encontra-se totalmente preservado, ou seja, a pessoa não tem dificuldade para ouvir. A principal consequência está na dificuldade de processamento das informações captadas pelas vias auditivas. A pessoa é capaz de ouvir, mas demonstra dificuldade em interpretar a mensagem recebida.


E a quantidade de pessoas que enfrenta esse desafio no dia a dia é grande. De acordo com dados da American Speech-Language-Hearing Association (ASHA), cerca de 20% da população tem Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC), com potenciais dificuldades em: manter a atenção em aulas e palestras, localizar de onde vem o som, compreender a fala em ambientes ruidosos, aprender um novo idioma, cantar, manter a fluência e organização da fala, adequar o tom de voz à sua intenção comunicativa, compreender piadas, fala ambígua ou com duplo sentido, selecionar um estímulo para focar a atenção ou ainda dificuldade em seguir instruções e comandos auditivos complexos.


No desenvolvimento da criança, o processamento auditivo será muito importante para que ela consiga aprender os nomes dos objetos, a falar corretamente todos os sons da nossa língua, expressar-se de modo organizado, compreender as situações que a cercam, aprender a ler e a escrever ou compreender uma história. Já para os adultos, as habilidades que compõem o processamento auditivo vão permitir lidar com ambientes ruidosos, como um coworking, por exemplo.


Mas como reconhecer os sinais do TPAC? A lista de manifestações é complexa e pode incluir situações de comportamento, socioemocionais, comunicativas e educacionais, que podem ser resultados de alterações no processamento auditivo central ou coexistir com outras alterações, como TDAH ou dislexia, por exemplo.


As principais queixas que chamam a atenção para uma possível alteração do processamento auditivo central são:


  • tempo de atenção muito curto;

  • agitação excessiva;

  • ansiedade ou estresse quando solicitado a permanecer atento;

  • dificuldade para compreender a fala em ambientes ruidosos;

  • dificuldades de compreensão ou expressão;

  • distração excessiva;

  • dificuldade para seguir ordens;

  • parecer prestar atenção a todos os sons do ambiente ao mesmo tempo;

  • dificuldade em lembrar o que foi dito;

  • confundir-se ao contar um fato ou história;

  • baixo rendimento escolar;

  • alteração de alguns sons da fala;

  • troca de letras na escrita, podendo inverter letras parecidas (b, d, p, q) ou troca letras com sons parecidos (p/b, t/d, f/v, m/n);

  • pouca habilidade de leitura ou fonética;

  • pouca habilidade ortográfica;

  • desorganização;

  • relacionamento frágil com seus colegas;

  • baixa autoestima.


Seja na escola, em um ambiente de coworking, em lugares públicos, ou no estudo de línguas, as alterações nas habilidades do processamento auditivo central produzem sinais que merecem atenção. Conhecê-los e falar sobre eles pode ajudar familiares, professores e profissionais da saúde a reconhecerem, o quanto antes, uma possível alteração do processamento auditivo central e fazer os encaminhamentos corretos para avaliação, orientação e tratamento, minimizando dificuldades comunicativas.


Quando uma pessoa apresenta queixas como essas, é importante que seja encaminhado a um profissional especializado para avaliação do processamento auditivo central. Ao descobrir as habilidades comprometidas, é possível ajudar a desenvolvê-las ou a compensar as dificuldades que causam. O fonoaudiólogo, profissional responsável por essa avaliação, desenvolverá um plano terapêutico e um treino auditivo personalizado, de acordo com as necessidades individuais do paciente.


Na próxima semana, vamos contar como funciona o tratamento para TPAC. Continue nos acompanhando por aqui!




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