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Alterações do processamento auditivo central em idosos

Você sabia que pelo menos 20% da população tem Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC)? A estimativa é da American Speech-Language-Hearing Association (ASHA). Imagine quantas pessoas convivem todos os dias com a dificuldade de processar os sons e como esse desafio pode ser ainda maior entre os idosos, uma população que não para de crescer.


De acordo com dados do IBGE, o número de brasileiros idosos com mais de 60 anos era de 2,6 milhões em 1950, o que representava 4,9% da população. Em 2020, esse número passou para 29,9 milhões, representando 14% do total de pessoas que vivem no país. As projeções apontam que esse número chegará a 72,4 milhões em 2100, 40% do total populacional.


Embora não haja um dado específico, pesquisas apontam que a incidência de idosos com alterações no processamento auditivo é grande. Um estudo de 2012, realizado na Universidade de São Paulo, constatou que entre os idosos que participaram da pesquisa, 85% apresentavam falhas no processamento auditivo central.


Afinal, o que acontece no TPAC?


O TPAC afeta as vias centrais da audição, ou seja, as áreas do cérebro relacionadas às habilidades auditivas responsáveis por um conjunto de processos que vão da detecção à interpretação das informações sonoras. Em boa parte dos casos, o sistema auditivo periférico encontra-se totalmente preservado. A principal consequência está na dificuldade de processamento das informações captadas pelas vias auditivas. A pessoa é capaz de ouvir, mas demonstra dificuldade em interpretar a mensagem recebida.


Para se ter uma ideia, o TPAC pode prejudicar situações simples do dia a dia como:


  • Conversar em ambientes com muito ruído, como em uma padaria ou em uma rua em obras;

  • Assistir um filme, quando você perde alguma palavra ou frase e precisa entender o que está acontecendo;

  • Entender o que foi dito quando prestamos atenção em duas pessoas falando ao mesmo tempo e perdemos alguma informação;

  • Quando precisamos compreender uma língua estrangeira sobre a qual não temos domínio;

  • Compreender uma pessoa que está com a voz rouca ou gripada;

  • Diferenciar a intenção de frases pela entonação da voz;

  • Perceber aspectos sonoros de diferentes sotaques;

  • Conseguir diferenciar sons parecidos, como “tia” e “dia”;

  • Manter o foco de atenção em uma pessoa, quando há muitos estímulos no ambiente;

  • Identificar de onde vem o som de uma buzina ao atravessar uma rua com pouca visibilidade;

  • No trânsito, quando se aproxima a sirene de uma ambulância, polícia ou bombeiro e devemos dar passagem;

  • Num local público, como um parque ou padaria, quando alguém nos chama;

  • No cinema ou em um espetáculo de música, quando um amigo quer nos fazer um comentário e queremos continuar prestando atenção na atração.


Quando uma pessoa apresenta alterações no processamento auditivo central, poderá desenvolver comportamentos característicos e é importante estar atento a eles, pois a partir do diagnóstico será possível iniciar um tratamento para reabilitação das habilidades auditivas afetadas.


O que acontece quando há falhas no processamento auditivo central dos idosos?


Envelhecer engloba uma série de fenômenos que começam a ocorrer já a partir da vida adulta. Vai desde o embranquecimento dos cabelos até mudança no padrão do sono, podendo envolver também a audição e o processamento auditivo central. Assim, quando um idoso começa a apresentar perda auditiva, ele também poderá ter falhas nas habilidades auditivas que compõem o processamento auditivo central.


Mas o que fazer? Neste momento, entra em jogo a plasticidade neural, ou seja, a capacidade que nosso cérebro tem de fazer novas conexões neuronais durante toda a vida, podendo assim melhorar o desempenho auditivo. Deste modo, o idoso poderá passar por um treinamento auditivo específico para reabilitação das habilidades afetadas, ainda que esteja utilizando um aparelho auditivo, por exemplo.


Portanto, se você conhece um idoso que tem demonstrado dificuldades na audição e comunicação, oriente-o a buscar ajuda especializada. Quanto antes a intervenção começar, melhores serão os resultados e maior será a qualidade de vida dele e das pessoas que convivem com ele.


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